"Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel: (…) nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais" Jer.29:8.
É frequente, quando Deus faz uma obra num meio onde as
pessoas estão impuras, isto para as purificar, que haja sempre quem se levante
em nome de Deus sem que haja sido mandado por Deus.
Para alguém ser mandado
por Ele, terá de poder ser mandado para Ele; para ser mandado para ele,
terá de ser por Ele também.
Porque se passa isto assim? Qual a razão?
Nada
demais – as pessoas seguem o coração irreal que têm dentro dum novo contexto
verdadeiro.
Uns seguem seus sonhos e suas profecias, outros seguem suas
doutrinas e formas em conjunto com fórmulas às quais seus corações logo se
apegam, porque lhes dá jeito.
Ambos defecam um mesmo erro: falam em nome dum
mesmo Deus, prometem em nome de Deus e brincam com suas vidas como se nada de
errado se estivesse passando.
Uns crêem em milagres para proveito próprio,
outros desprezam-nos para o mesmo fim.
Outros ainda, desprezam milagres e
manifestações de Deus por serem nuvens sem água.
É bom ter Deus por perto; melhor ainda quando nosso coração
está em sintonia com este Ser eterno sempre que está por perto - não apenas
ocasionalmente - que pode operar em prol duma eternidade no meio de seres que
vivem, quando muito, setenta anos para nada. “Porque mil anos aos teus olhos
são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite.
A duração da
nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta
anos, a maioria deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente e nós
voamos”, Salmo 90:4,10.
Mas, caso as pessoas tenham um coração pervertido,
perverso e “polivalente”, vendo Deus por perto – um Ser omnipotente, que tudo
pode – e não vendo estas coisas porque se amam a si mesmos em extremo, acham em
seus corações que são donos de toda a razão e criam uma fé doida que só os pode
beneficiar nos setenta anos de vida que acham que será o seu direito e o dever
da bênção de Deus, o que faz com que esqueçam a eternidade que está diante de
si por inteiro, esquecendo-se estes marginais também que Deus tem outros
planos, outras ideias que nunca incluem um coração egoísta, terreno, de
pensamento curto, pervertido pela própria razão.
“Porque os Meus pensamentos
não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o
Senhor. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. (9) Porque, assim como o céu
é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos”, Is.55:8-9.
Deus nunca leva em linha de conta aquilo que o coração do
homem pensa e maquina para os incluir em seus planos, com excepção de quando
vai operar nesses mesmos pensamentos uma transformação que pensa e pensará como
Deus em ocasiões futuras.
Muitos, porém, apenas abrigam o jeito e o conteúdo
daquilo que Deus pensa fazer e operar nas cercanias de quem O busca mas nunca
de todo o coração e nem no próprio coração.
E a condição de se estar bem não é
profetizar, mas sim achar Deus de fato, pois, “Então me invocareis e ireis e
orareis a mim e eu vos ouvirei.(13) Buscar-me-eis e Me achareis,
quando me buscardes de todo o vosso coração”, Jer.29:12-13. Não diz aqui
que acharemos outras coisas, mas sim a Deus - o Próprio.
Buscar Deus de todo o coração implica sempre abdicar do nosso
jeito peculiar de buscar Quem tudo pode fazer por nós – ou assim achamos –
pois, de fato Ele pode, mas de outro jeito que não nos é conhecido nem
familiar.
“E guiarei os cegos por um caminho que não conhecem; fá-los-ei
caminhar por veredas que não têm conhecido; tornarei as trevas em luz perante
eles e aplanados os caminhos escabrosos. Estas coisas lhes farei; e não os
desampararei”, Is.42:16.
Quando Deus falou a Saúl que já havia escolhido outro Rei em
seu lugar, este poderia haver aceite a nova vontade de Deus mesmo sabendo que
sairia de seu reino e caso permanecesse por algum tempo mais nele, nunca
subsistiria.
Assim, poderia ter abdicado desse mesmo trono prontamente porque
era a vontade de Deus.
Bastaria que Saúl quisesse crer naquilo que ouviu.
Mas,
por conveniência nunca quis crer.
Já Davi creu em Deus aquando do profeta
Nathan, quando se viu perante a morte por causa do adultério de Berseba.
Lemos
que “Então disse Samuel a Saúl: Procedeste nesciamente; não guardaste o
mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou.
O Senhor teria confirmado o teu
reino sobre Israel para sempre; agora, porém, não subsistirá o teu reino; já
tem o Senhor buscado para si um homem segundo o seu coração e já o tem
destinado para ser príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o
Senhor te ordenou”, 1Sa 13:13,14; quando Deus editou esta nova fase que em
nada agradava a Saúl que antes era humilde e deixou a ideia dum trono subir ao
seu próprio coração perdendo assim aquele amor inicial apenas pela vontade de
Deus, como alguém deixa subir um emprego, uma casa, um filho ao trono de Deus
(seu próprio coração) depois desta vir a nós na forma realizada, logo devemos
saber que Quem está falando tem a melhor das intenções em retirar-nos de algo
ou tirar algo de nós.
Caso Saúl tivesse abdicado do trono em prol daquela nova
vontade de Deus – nova por sua própria culpa em ter deixado medos e complexos
de superioridade penetrar em seu próprio espírito – teria logo ali salvo sua
própria vida do pecado, do seu orgulho e do inferno.
Foi a partir daqui que ele
queria Deus, sim, a sua Vida recente mas passada já de si pela sua
desobediência, mas também o trono que já estava fora dos planos de Deus para
ele por causa de sua desobediência.
Mas as duas coisas juntas eram, a partir dali,
impossíveis de se juntar, pois aquilo que Deus separa, nenhum homem o
tente juntar de novo, como foi o caso do Reino de Judá e Samaria que antes,
juntos, formavam o reino de Israel, sobre o qual Saúl foi colocado para
pastorear por Deus.
E Jeosafá tentou unir os reinos que Deus separou e deu-se
muito mal com isso.
Este é o terreno onde os sonhos se tornam falsos, pois as
pessoas começam a achar que Deus muda de ideias e que quer aquilo que eles
próprios querem e desejam.
É obvio que toda a palavra de Samuel teria sempre um enorme
peso em qualquer um porque Deus havia sempre confirmado tudo aquilo que saíra
de sua boca anteriormente.
Lemos que “o Senhor era com ele e não deixou nenhuma
de todas as suas palavras cair em terra”, cumprindo-as todas, 1Sam 3:19.
Mas que se passará quando não há alguém como Samuel, como Jeremias e Isaías, os
quais ninguém se atreve a intimidar ou mesmo contestar depois de suas palavras
se haverem cumprido todas visivelmente?
Lemos que Deus mandou perguntar a um
falso profeta que dizia que falava em nome de Deus, que repreendeu todos os que
profetizavam em Israel contra Israel “agora, pois, por que não repreendeste a
Jeremias, o Anatotita, que vos profetiza” também? Jer.29:27.
É dentro
deste contexto de haver um povo de Deus onde os falsos profetas reaparecem
sempre sob pretexto de sonhos, os quais sonham falsamente e podem aparecer a
qualquer momento onde qualquer profecia verdadeira está sendo dada ao povo. Os
falsos aproveitam o jeito que vêem nos que fazem corretamente.
Não havendo alguém entre o povo de Deus com o peso daquela
palavra que todos ouvem por causa da clara e evidente bênção de Deus aderente a
tudo aquilo que se diz e faz, sendo esta árvore conhecida pelo fruto que
distribui a todos os que querem ouvir, logo se torna tudo mais fácil a que
falsos profetas e falsos professores de leigos se entendam muito bem, falando
em nome de Deus sem que hajam sido mandatados para tal fim – falam apenas em
conformidade com tudo aquilo que desejam e gostariam que fosse real, mas em nome
de Deus.
Eles querem mesmo que Deus faça suas vontades.
Deus não fala apenas por sonhos, como não fala apenas pelas
Escrituras – qualquer servo leal sabe disso. Tudo bate certo com as Escrituras
quando Deus fala, mas isso nunca quer dizer que Deus fale apenas pela Bíblia,
pois lá não vem qualquer indicação de qual entre dois empregos ou tarefas tenho
de escolher e aceitar – e todos teremos de andar e viver dentro de toda a
vontade de Deus para nossa vida pessoal, pois “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus”, Mat.7:21.
A tarefa primordial de Deus em todos nós, é mudar nosso
coração. Mas para mudar, Ele terá necessariamente de ser Emanuel, Deus
habitando connosco – entre nós.
Logo habita entre um povo de “impuros lábios”,
conforme exclamou Isaías (Is.6). Se Isaías falava ocasionalmente tudo aquilo
que Deus dizia fazer de fato, imagine que quando Deus lhe apareceu, ele se
apercebeu que estava impuro de lábios. Impuros lábios porquê?
Ora vejamos em um
pormenor (pois há mais), sabendo de antemão que, Deus, para os salvar terá de
habitar em seu meio necessariamente, lá onde aparecerão, por certo, falsos
profetas também.
Este povo tem casas, filhos maridos e coisas às quais seus
corações se apegaram muito.
Mas, sejamos claros: tais coisas para a eternidade
nada contam, nem tão pouco podem contar.
Logo que alguém se apercebe que Deus
está no meio dum povo, saem de seus covis pessoas como Saúl, que têm
pensamentos muito baixos, alguns a nível de inferno mesmo, querendo e desejando
para si tudo aquilo que ou Deus quer destituir, ou quer anular para que em
termos de Céu e eternidade se criem novos amores nos corações dos homens, os
quais nunca tenham como encher seus corações com mentira e ilusão, conforme
aconteceu com Ananias e Safira também (Act.5:3) - nem sequer podiam gozar
o dinheiro que esconderam dentro do seu coração antes tocado por Deus.
As
pessoas, quando têm e sentem Deus e verdade por perto, sentem uma vontade
irresistível de congratular, bajular seus próprios corações, quando Deus apenas
quer salvar através duma calamidade, doença ou perseguição abençoada. Logo,
quem se ama a si mesmo, com um amor que nunca é amor de verdade, (pois se
amasse de fato nunca atentava contra a sua própria salvação destas coisas como
um suicida eterno faz, como fez Saúl), põe aquilo que Deus pensa ao nível de
tudo aquilo que deseja; corrompe assim seu coração com pensamentos que nunca
vêm de Deus, mas os quais lhe saem emocionalmente e ocasionalmente inspirados,
por tentação ou manifestação satânica mesmo, selados com engano e fé fatal pelo
evidente egoísmo aderente a estes, o qual não vê como egoísmo e sim como “amor”
porque derrama umas lágrimas emocionais quando ora.
Há orações que são pecado,
muitas a partir de suas origens.
Será assim que nascem os falsos profetas dentro dum ambiente
sólido, pois João diz que (19) “Saíram dentre nós, mas não eram dos
nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos
eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos”, 1João 2.
São
estas as tais pessoas que negam que Cristo veio na carne para a destruir e
destituir por inteiro (toda a carne - por isso e para isso veio em carne),
amando antes aquilo que pensam irão usufruir pela presença de Deus em si, isto
é, luxúria em abundância entre si mesmos.
Confessam-No mas negam-No de coração
e de anseio “porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo,
(e qualquer um ainda vai em tempo de se entregar a tais coisas depois de ser
tocado pela regeneração de Deus). (17) Ora, o mundo passa, e a sua
concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. (18) Filhinhos,
esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos
anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. (20) Ora,
vós tendes a unção da parte do Santo e todos tendes conhecimento”, 1Jo
2:16-20.
Levemos em linha de conta que esta palavra “anticristo”, devido à
evidente falta de palavra em nossa língua que se lhe equipare, quer dizer
também “igual a Cristo, semelhante a Cristo” também.
Logo, Cristo disse bem as coisas quando disse “Se alguém vier
a mim e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs e ainda
também à própria vida, não pode ser meu discípulo”, Lucas 14:26.
Só
teremos um único jeito de salvar nossos parentes: indo atrás de Cristo. Só que
há muitas pessoas que acham que têm como ser Seus discípulos amando ainda a sua
própria vida, havendo Cristo dito que isto lhes é de todo impossível. Por
desejarem que Deus faça as suas vontades, as pessoas sonham alto (ou baixo
demais) e falam que foi Deus que os fez sonhar assim.
“Pois assim diz o Senhor
dos exércitos, o Deus de Israel: (…) nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que
vós sonhais”, Jer.29:8. Dê ouvidos apenas se forem de Deus. Amem.