Eli foi o sumo sacerdote no tempo da juventude do
profeta Samuel. Além do sacerdócio, Eli também serviu como um juiz de Israel
por quarenta anos (1 Samuel 4:18).
A história de Eli na Bíblia ficou marcada
não apenas pelo seu contato com o jovem Samuel, mas principalmente pela
rebeldia de seus filhos.
Eli era descendente de Arão através de Itamar (cf.
1 Samuel 22:20; 1 Reis 2:27; 1 Crônicas 24:3). Mas sua descendência não é
citada na lista de 1 Crônicas 6 por causa do julgamento de Deus sobre sua
família.
O sacerdote Eli e Samuel
Eli ministrava no Tabernáculo que havia sido
levantado em Siló após o tempo de peregrinação no deserto (cf. Josué 18:1;
Juízes 18:31). Ele aparece na narrativa bíblica no episódio em que Ana, esposa
de Elcana, orou a Deus pedindo por um filho.
Inicialmente o sumo sacerdote Eli mostrou certa
falta de sensibilidade espiritual ao interpretar de forma equivocada a atitude
de Ana. Ele pensou que aquela mulher devotada estava embriagada (1 Samuel
1:14). Mas depois que ela lhe explicou suas razões, Eli a despediu com uma
bênção (1 Samuel 1:17).
Deus atendeu ao pedido de Ana e abriu sua madre.
Ana deu à luz a Samuel e tão logo cumpriu o voto que havia feito ao Senhor. Ela
levou o menino a Siló para ter uma vida dedicada ao serviço de Deus.
Isso
significa que o pequeno Samuel ficou aos cuidados do sumo sacerdote Eli (1
Samuel 3:1). Mais tarde, foi o próprio Eli quem instruiu Samuel quanto à percepção
da voz do Senhor que lhe chamava (1 Samuel 3:9).
Naquele tempo Eli já era um
homem idoso (1 Samuel 2:22).
Os pecados dos filhos de Eli
O grande problema de Eli foi seus filhos. Ele era
pai de dois homens incrédulos, Hofni e Finéias. Como Eli já tinha a idade muito
avançada, seus filhos passaram a ter cada vez mais responsabilidades no serviço
do Tabernáculo.
Mas os dois filhos de Eli não tinham qualquer temor
a Deus e nem respeito pelo próprio pai. Eles transgrediam a Lei de Deus de
muitas maneiras.
Eles violavam a regulamentação acerca das ofertas e
sacrifícios ao Senhor, e se apropriavam daquilo que era consagrado a Deus (1
Samuel 2:12). Além disso, eles seduziam as mulheres que se ocupavam de forma
voluntária de algum serviço relacionado ao funcionamento do Tabernáculo.
A prática pecaminosa e imoral dos filhos de Eli era
conhecida por todo o Israel e influenciava negativamente o povo (1 Samuel
2:22-24). A Bíblia mostra a tentativa patética de Eli de repreender seus
filhos. Mas eles já estavam com suas mentes cauterizadas pelo pecado e tinham
atingido um nível de endurecimento tão profundo que o juízo de Deus sobre eles
era inevitável (1 Samuel 2:25).
O juízo de Deus à casa de Eli
Eli é sempre lembrado como uma figura trágica que
não tinha controle sobre sua própria casa. Embora ele não apareça na Bíblia
participando diretamente dos pecados de seus filhos, ele acabou participando
deles por omissão. O erro fatal que Eli cometeu foi o de honrar mais os seus
filhos do que ao Senhor. Além disso, parece que ele acabava se beneficiando
indiretamente do comportamento ganancioso de seus filhos (1 Samuel 2:29).
Por tudo isso Deus derramou seu juízo sobre à casa
de Eli. Antes, Ele enviou um profeta, sobre quem nada sabemos, mas que anunciou
o julgamento do Senhor. O homem de Deus denunciou a forma com que Eli e seus
filhos negligenciaram o serviço a Deus e desprezaram a grande dádiva do ofício
sacerdotal que lhes fora confiado.
Em seguida, o profeta avisou que a linhagem
sacerdotal em Israel não seria mais contada através de sua casa. Na prática,
isso significou que a linhagem sacerdotal passou a ser considerada através da
descendência de Eleazar, o outro filho de Arão. Essa mesma mensagem foi
novamente confirmada através do jovem profeta Samuel (1 Samuel 3:1-21).
Deus também avisou a Eli que seus filhos morreriam
no mesmo dia, e que ele seria o último homem idoso de sua casa. Todos os outros
haveriam de morrer no auge da idade (1 Samuel 2:32,33).
Mais tarde, muitos descendentes de Eli foram
dizimados durante o massacre promovido por Saul em Nobe (1 Samuel 22:17-19).
Nos dias de Davi, os descendentes dos sacerdotes através de Eleazar eram duas
vezes mais numerosos do que aqueles que descendiam de Itamar, isto é, da casa
de Eli (1 Crônicas 24:4).
Por fim, durante o governo do rei Salomão, Abiatar,
que descendia de Eli, foi retirado do sacerdócio e a casa de Eleazar prevaleceu
definitivamente (1 Reis 2:26-27).
A morte de Eli
A
morte de Eli se deu num contexto de verdadeira tragédia. Os israelitas estavam
em guerra contra os filisteus e os filhos de Eli levaram a Arca do Senhor à
batalha como um tipo de talismã. Mas o exército israelita foi duramente
derrotado. Os dois filhos de Eli que seguravam a Arca da Aliança foram mortos e
a Arca foi capturada pelo exército inimigo.
Eli
estava assentado numa cadeira ao pé do caminho com o coração apertado –
especialmente por conta da Arca do Senhor que estava na batalha. Provavelmente
ele sabia que o fato de seus filhos perversos estarem responsáveis pela Arca,
não poderia resultar em boa coisa.
Naquela
ocasião ele já tinha perdido a visão. Então um mensageiro da tribo de Benjamim
foi até ele e lhe deu às más notícias. O mensageiro avisou que seus filhos
estavam mortos e que a Arca tinha sido tomada.
Curiosamente
o que realmente provocou a reação que matou Eli foi a informação da perda da
Arca, e não a morte de seus filhos e a derrota do exército israelita. O homem
que tinha vivido parte de sua vida dando mais importância aos filhos do que
tendo zelo pelas coisas do Senhor, ironicamente acabou morrendo ao demonstrar
maior preocupação pela Arca de Deus.
A
Bíblia diz que quando Eli recebeu a notícia sobre a perda da Arca, ele caiu da
cadeira para trás e quebrou o pescoço. Quando sua nora grávida, a esposa de
Finéias, ouviu as más notícias, entrou em trabalho de parto. Ela deu à luz a um
menino, e antes de morrer lhe chamou de Icabô, dizendo: “Foi-se a glória de Israel”
(1 Samuel 4:21). Ela disso isso porque sabia que seu marido e sogro foram
responsáveis pela calamidade em Israel com a perda da Arca do Senhor. O sumo
sacerdote Eli morreu aos noventa e oito anos.
O legado de Eli
A
Bíblia diz que Eli julgou Israel durante quarenta anos. É possível que esse
período de liderança de Eli tenha coincidido, pelo menos em parte, com as ações
de Sansão e com as atividades de outros juízes daquele mesmo período (cf.
Juízes 12-16). Durante todo esse tempo ele esteve em Siló.
Certamente
Eli ficou marcado na Bíblia de forma negativa. Sua conduta nos ensina, principalmente,
acerca do perigo de não zelar pela obra do Senhor. E outras palavras, sua vida
é um testemunho de que devemos sempre priorizar a honra de Deus e não ser
omisso ao pecado.
Mas
também é preciso reconhecer que houve algo de bom na vida de Eli. Conforme
observa R. L. Harris, Eli corretamente exortou Ana à santidade e a abençoou por
sua fé. Além disso, certamente ele teve grande participação no crescimento de
Samuel. Na verdade, obviamente ele fez melhor com Samuel do que com seus
próprios filhos.
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