segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A confissão de Davi

 

 

Salmos 51 - A confissão de Davi

Este é um dos salmos mais conhecidos da Bíblia, principalmente o verso 10. É uma confissão de pecados que foi extraída do fundo do coração de uma pessoa que reconhecia plenamente a sua culpa. Davi escreveu este salmo após o profeta Natã tê-lo visitado, por causa do seu adultério com Bate-seba e da sua responsabilidade na morte do marido dela. O relato do pecado de Davi está escrito em 2 Samuel 11 e a visita do profeta Natã está em 2 Samuel 12:1-13. Outro salmo em que Davi fala do perdão de seus pecados é o Salmo 32.


Davi tinha confiança na bondade e na misericórdia de Deus e por isso ele clamou ao Senhor que se compadecesse dele perdoando-o (v. 1, 13). Ele pedia a Deus que o purificasse, removendo dele a culpa pelo seu pecado (v. 2, 7).

Davi tinha total consciência de que seus atos eram graves pecados contra Deus e isso o atormentava diariamente (v. 3). Ao afirmar "Pequei contra ti, contra ti somente" (v. 4) Davi não estava dizendo que não havia pecado contra Bate-seba e seu esposo Urias. A ideia dessa frase é que todo e qualquer pecado é uma ofensa a Deus. Por exemplo, José quando esteve no Egito e recusou a sedução da mulher de Potifar, declarou "como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?" (Gn 39:9). Certamente se José tivesse adulterado ele teria cometido um pecado contra Potifar também, além de pecar contra Deus.

A essência do sincero arrependimento e da verdadeira confissão está contida em todo o verso 4, mas especialmente na frase "fiz o que é mau perante os teus olhos". Davi não tenta justificar seus erros. Se fosse agir da forma natural do ser humano ele poderia ter dito algo como: "Senhor eu pequei, mas foi porque a mulher era muito bonita e eu não resisti". Mas, ao contrário, Davi se entrega totalmente ao julgamento de Deus, afirmando que seus atos estavam errados e não tinham justificativa.

Podemos ver um exemplo de uma confissão parcial no caso de Adão e Eva. Ao ser questionado por Deus, Adão afirmou "A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi." (Gênesis 3:12). Desta forma Adão colocou a culpa do seu pecado na mulher e, indiretamente, em Deus que criou a mulher e a deu a ele. Seguindo seu exemplo, a mulher colocou a culpa na serpente: "A serpente me enganou, e eu comi." (Gênesis 3: 13).

Ao pecarmos, somos os principais responsáveis pelo pecado, pois a Bíblia afirma que "... Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar." (1 Coríntios 10:13). Em outras palavras, quando pecamos é porque decidimos pecar, voluntariamente ou por omissão.


Davi tinha conhecimento a respeito da natureza pecaminosa do ser humano, afirmando que ele já nasceu em iniquidade, ou seja, que até mesmo as crianças pequenas herdam a propensão para a maldade (v. 5). Ao afirmar isto ele estava enfatizando diante de Deus a sua necessidade de ajuda, pois ele era fraco e tendente para o mal, assim como todos os seres humanos.

O salmista sabia que a alegria de Deus era quando um homem se aproximava dEle com um coração sincero (v. 6). Ele rogava a Deus que enquanto estivesse buscando a Deus em secreto (Mateus 6:6) Deus o concedesse sabedoria.

Mais uma vez Davi clama a Deus que o purifique. Desta vez ele especifica "Purifica-me com hissopo" (v. 7). O Hissopo é uma erva aromática que na época era usada nas cerimônias de purificação. Davi estava dizendo a Deus que necessitava de uma limpeza e purificação mais profunda, pois o seu pecado era grave.

No verso mais conhecido deste salmo, Davi clama: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável." (v. 10). Davi não ansiava apenas o perdão, mas também um coração novo, ou seja, uma mente transformada. Quando o arrependimento é sincero ele vem acompanhado de um desejo de não praticar mais o pecado. Davi desejava ter um espírito (ânimo, força, disposição, mente) inabalável, para que pudesse resistir às próximas tentações que viriam pela frente na sua vida.

Ele tinha medo de que o seu pecado causasse o seu completo afastamento de Deus (v. 11) e por isso ele pedia a Deus que o perdoasse dando-lhe novamente a alegria de estar salvo (v. 12), o que lhe daria uma nova disposição para servir a Deus voluntariamente. Essa disposição faria com que ele testemunhasse aos outros as maravilhas que Deus operou em sua vida, buscando com isso levar outros à mesma salvação que Deus operara em sua vida (v. 13). A tendência natural de uma pessoa salva é contar aos outros o que Deus lhe fez. Além disso, uma pessoa salva louva a Deus (v. 14-15).

Davi reconhecia que o que agrada a Deus não são as cerimônias religiosas, os atos exteriores, quando são desprovidos de um coração sincero (v. 16). O que Deus deseja em primeiro lugar é um profundo e sincero arrependimento (v. 17). Só após o arrependimento e a certeza da salvação é que poderemos oferecer a Deus um perfeito serviço religioso.


Por fim, Davi termina o salmo rogando não somente por ele, mas também pela sua cidade de Jerusalém, representada pelo monte Sião (v. 18), para que o seu pecado individual não interferisse nas obras de fortificação da cidade (ver 2 Samuel 5:9; 1 Reis 3:1; 9:15,16). Quando estivesse em paz e segurança o povo teria mais um motivo para louvar a Deus oferecendo-lhe sacrifícios "de justiça", ao contrário dos sacrifícios falsos, citados no verso 16.


Podemos perceber neste salmo que o processo de salvação de um pecador arrependido consiste de:

  • Conhecimento a respeito de Deus, da Sua bondade e misericórdia (v. 1; Isaías 55:6-7; João 6:37; 1 João 1:9; 2:1);
  • Reconhecimento de nossa culpa (v. 2; 2 Samuel 12:13; Mateus 26:75; 1 Timóteo 1:15)
  • Confissão dos pecados (v. 4; Provérbios 28:13; 1 João 1:9)
  • Mudança de Vida (v. 10; Atos 3:19)
  • Certeza da salvação (v. 12; 2 Timóteo 4:7-8)
  • Desejo de servir a Deus (v. 12-13)

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