O que Jesus realizou na cruz foi em
obediência ao Pai, e não porque cedeu às exigências do inimigo das
nossas almas. Na tentação do deserto Jesus não se sujeito a nenhuma das
exigências de Satanás, antes Ele se rendeu as exigências do Pai!
George
Tomas, um pregador Inglês, apareceu um dia em sua pregação carregando
uma gaiola e, após coloca-la no púlpito, começou a falar: "Estava
andando pela rua ontem, e vi um menino levando essa gaiola com 3
pequenos passarinhos dentro com frio e com medo. Eu perguntei: - ‘Menino
o que você vai fazer com esses passarinhos’? Ele respondeu: - ‘Leva-los
para casa tirar as penas e queima-los, vou me divertir com eles’. –
‘Quanto você quer por esses passarinhos menino’? O menino respondeu: -
‘O senhor não vai querê-los, eles não servem para nada. São feios’! O
pregador os comprou por 10 dólares! E os soltou em uma árvore!”.
O menino e os três passarinhos
Após ler a fábula dos ‘Três Passarinhos’
tive que questionar até que ponto é válido este tipo de subterfúgios
empregado pelos pregadores evangélicos em suas preleções.
"Porque
não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo,
seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua
majestade" ( 2Pe 1:16 )
Após contar a fábula dos três passarinhos, o pregador inglês fez a seguinte exposição: “Um
dia Jesus e Satanás estavam conversando e Jesus perguntou a satanás o
que ele estava fazendo para as pessoas aqui na terra. Ele respondeu: -
‘Estou me divertindo com elas, ensino a fazer bombas e a matar, a usar
revolver, a odiar umas a outras, a casar e a divorciar, ensino a abusar
de criancinhas, ensino os jovens a usar drogas, a beber e fazer tudo o
que não se deve e que os conduzirá a maldição futura! Estou me
divertindo muito com eles’! Jesus perguntou: - ‘E depois o que você vai
fazer com eles’? E recebeu a seguinte resposta: - ‘Vou mata-los e acabar
com eles’! Jesus perguntou: - ‘Quanto você quer por eles’? Satanás
respondeu: - ‘Você não vai querer essas pessoas, elas são traiçoeiras,
mentirosas, falsas, egoístas e avarentas! Elas não vão te amar de
verdade, vão bater e cuspir no Teu rosto, vão te desprezar e nem vão
levar em consideração o que você fizer’! Novamente foi perguntado: -
‘Quanto você quer por elas Satanás’? Em seguida veio a resposta: -
‘Quero toda a tua lágrima e todo o teu sangue’! E satanás respondeu: -
‘Trato feito’! E Jesus pagou o preço da nossa liberdade!”.
Este conto reflete a ideia do evangelho?
Jesus fez um trato com Satanás? Satanás exigiu algo de Cristo? O diabo
está se divertindo? Que relação há entre a experiência do Pr. George
Tomas com a criança e os passarinhos e as verdades bíblicas?
Vamos fazer uma análise desta preleção
comparando-a com as Escrituras, ou seja, comparando-a com as palavras
dos Profetas, de Cristo e dos apóstolos?
A bíblia não faz referência a Jesus
tendo uma conversa com Satanás nos termos apresentados pela estória dos
três passarinhos. A bíblia também não apresenta Satanás como alguém que
está se divertindo com a humanidade ( Ap 12:12 ), mas que, ele tem
grande ira e pouco tempo.
É improvável que um ser com grande ira e
pouco tempo, possa estar se ‘divertindo’. Satanás é apresentado como
inimigo ferrenho dos homens, portanto, ele não está se divertindo "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" ( 1Pe 5:8 ).
A estória induz os ouvintes a pensarem
que ação de Satanás é ensinar às pessoas a confeccionarem materiais
explosivos, a cometerem assassinatos, a odiar uns aos outros, a
divorciar, a abusar de crianças, a usar drogas, etc. Seria isto que as
Escrituras apresentam?
A bíblia demonstra que a ação de Satanás é cegar os incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho "Nos
quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a
imagem de Deus" ( 2Co 4:4 ). A ação de Satanás é fazer com que
os homens incrédulos permaneçam entenebrecidos no entendimento, pois se
compreenderem a verdade do evangelho, Deus os transportará para o reino
do Filho "Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração" ( Ef 4:18 ).
Concomitantemente, ação de Satanás para
com os que se convertem é procurar um meio de enganar com astucia,
corrompendo os sentidos de modo que o cristão se aparte da simplicidade
que há em Cristo abraçando vento de doutrina "Mas
temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim
também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se
apartem da simplicidade que há em Cristo" ( 2Co 11:3 ); "Para
que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o
vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente" ( Ef 4:14 )
Enquanto a bíblia afirma que uma só
ofensa matou todos os homens, a fábula do Pr. Tomas diz implicitamente
que as pessoas são condenáveis porque aprendem a lição de Satanás que os
leva a construir bombas e a matar, a usar revolveres, a odiar umas a
outras, a casarem-se e a divorciar, a abusar de criancinhas, os jovens a
usarem drogas e a beber’.
Enquanto as Escrituras ensinam que Deus
entregou os homens que se diziam sábios e se tornaram loucos aos seus
próprios sentimentos para fazerem coisas inconvenientes, pois mudaram a
verdade de Deus ( Rm 1:25 ), a preleção do pastor afirma que o diabo é
responsável pelos enganos dos homens.
Enquanto o Pr. diz que Satanás, depois
de maltratar os homens, irá matá-los, a Bíblia afirma que os homens sem
Deus já estão mortos em delitos e pecado.
Enquanto a fábula diz que a morte física
é o grande triunfo de Satanás, a Bíblia demonstra que a morte, que
consiste na separação entre o homem e Deus, é um feito de Adão.
A fábula mostra que Satanás é dono dos
homens, a Bíblia mostra que o dono dos pecadores é o pecado e que
Satanás, por sua vez, é filho do pecado.
O pastor ensina que Satanás exigiu que Cristo se sacrificasse, enquanto as Escrituras mostram que Deus exigiu a morte de Cristo.
A fábula dos passarinhos é aparentemente
inocente, inofensiva, porém, leva a uma compreensão distorcida de que a
condenação futura se dá porque as pessoas aprenderam a ‘fazer bombas e a
matar, a usar revolveres, a odiar umas a outras, a casarem-se e a
divorciar, a abusar de criancinhas, os jovens a usarem drogas e a
beber’.
A explanação do Pr. Tomas é não é
bíblica, pois o que conduz o homem a ‘condenação futura’ não são os
vícios, antes o fato de terem entrado pela porta larga que dá acesso a
um caminho largo que os conduz à perdição “Entrai
pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” ( Mt 7:13 ).
Ela leva ao equivoco de considerar que a
condenação é futura, contrariando as Escrituras que demonstra que a
condenação se deu no passado da humanidade, pois, a humanidade foi
julgada e está condenada ( Rm 5:16 ; Jo 3:18 ). Os homens não estão
condenado por suas práticas desregradas da mesma forma que não serão
salvos por suas práticas regradas, antes estão sob condenação em função
da ofensa de Adão no Éden.
O que faz o homem permanecer sob condenação é não crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados" ( Jo 8:24 ).
A condenação não é decorrente das ações
dos homens que fazem ‘tudo o que não se deve’, antes a condenação
decorre da desobediência de um só homem que pecou e trouxe a condenação
sobre toda a humanidade "E não foi assim o
dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só
ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas
ofensas para justificação" ( Rm 5:16 ).
Enquanto o apóstolo Paulo apresenta uma
só ofensa como causa determinante da condenação, o Pr. Tomas apresenta
algumas condutas de homens desregrados. Ele se esquece que, por mais que
o homem seja regrado, como era o caso do religioso Nicodemos, está sob
condenação!
Mas, os equívocos não param por aqui,
pois quando é dito que Satanás disse a Jesus que irá ‘matar e acabar com
eles’, o Pr. Tomas se esqueceu de observar que é impossível a Satanás
matar a humanidade uma vez que todos desde a queda de Adão já estão
mortos em delitos e pecados, pois a morte é resultado da ofensa de um só
homem pecou “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem” ( 1Co 15:21 ).
A morte não é ação de Satanás, antes
veio por um homem, Adão. Desde a queda no Éden, todos se extraviaram e
juntamente se tornaram imundos ( Sl 14:3 ; Sl 53:3 ). Por causa de Adão
não há, se que um, que faça o bem e busque a Deus. Como a morte veio por
um só homem e todos estavam mortos em delitos e pecados ( Rm 3:23 ; Rm
5:12 ; Ef 2:1 ), ninguém possuía entendimento ( Sl 14:2 ). Foi
necessário Cristo vir ao mundo trazer o conhecimento de Deus para que
por meio d’Ele os homens fossem salvos.
É impossível Satanás matar e acabar com
os homens se eles são gerados em iniquidade e concebidos em pecado, ou
seja, não há como Satanás matar aqueles que desde a madre alienaram-se
de Deus e andam errados e proferem mentiras desde que nascem ( Sl 58:3
).
Jesus nunca negociou a liberdade da
humanidade com Satanás, visto que Satanás não possuía o domínio sobre os
homens, sendo Satanás filho do pecado e pai da mentira. Satanás é filho
do pecado, diferente dos homens que são servos do pecado, portanto,
possuem esperança no Filho de Deus ( Jo 8: 34 -35). A bíblia não
apresenta Satanás como senhor dos homens, antes quem exerce domínio é o
pecado.
O preço que o Pr. Tomas descreve como sendo estabelecido por Satanás: - ‘Quero toda a tua lágrima e todo o teu sangue’!,
É juntamente um engodo e uma blasfêmia porque atribui a Satanás a
exigência de Deus para estabelecer a justiça. O que Jesus sofreu no
calvário não foi estabelecido por Satanás, e sim pelo próprio Deus
conforme o seu conselho ( At 2:23 ).
Foi Deus que deu o Seu Filho como Servo e cordeiro. Foi Deus que deixou registrado no rolo do livro que o Cristo: “Eis
aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a
tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” ( Sl 40:7 -8).
Antes de ir ao calvário Jesus perguntou
ao Pai se era possível passar d’Ele o cálice, em seguida Jesus é
crucificado cumprindo a vontade do Pai, pois colocou a sua alma por
expiação do pecado "Todavia, ao SENHOR
agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o
bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão" ( Is 53:10 ).
Enquanto Adão desobedeceu e vendeu todos
os homens ao pecado como escravos, Jesus foi obediente ao Pai em tudo,
morrendo morte de cruz. Foi do agrado do Pai enfermá-lo, portanto, as
agruras da cruz não foi uma exigência de Satanás “Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” ( Hb 10:10 ).
O que Jesus realizou na cruz foi em
obediência ao Pai, e não porque cedeu às exigências do inimigo das
nossas almas. Na tentação do deserto Jesus não se sujeito a nenhuma das
exigências de Satanás, antes Ele se rendeu as exigências do Pai!
Ora, com que base o Pr, Tomas
transformou a fala da criança que mantinha os três passarinhos presos na
fala de Satanás? Com que autoridade ele transforma a negociação que fez
com aquela criança em particular representar uma negociação entre Jesus
e Satanás?
É para evitar tais erros que devemos seguir o exemplo do apóstolo Pedro, que disse: "Porque
não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo,
seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua
majestade" ( 2Pe 1:16 ).
O apóstolo Pedro não compôs nenhuma
fábula, nenhuma estória, para tornar compreensível o poder e a vinda de
Cristo. Tudo o que foi apregoado aos cristãos, ou fora presenciado pelo
apóstolo ( 1Pe 1:18 ; 1Jo 1:3 ), ou tinha por base as Escrituras
produzidas pelos profetas “E temos, mui
firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a
uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela
da alva apareça em vossos corações” ( 1Pe 1:19 ).
A igreja de Cristo deve ter por firme a
palavra dos profetas e dos apóstolos, pois a palavra deles é como ‘luz
que alumia em lugar escuro’, e tão somente por meio das palavras deles
quando anunciadas pela igreja é que o conhecimento de Cristo, a glória
de Deus, resplandece nos corações dos homens "Porque
Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da
glória de Deus, na face de Jesus Cristo" ( 2Co 4:6 ).
Hoje há inúmeras fábulas ditas cristãs
que ganharam até versões cinematográficas, porém, se analisadas à luz
das Escrituras, encontraremos diversas heresias de perdição.
É crescente o número de estórias sob o rótulo de cristãs, como ‘As crônicas de Nárnia’, ‘A Cabana’, ‘O Senhor dos anéis’, etc.
Fábulas como ‘Os três passarinhos’, ‘A
águia e a galinha’, ‘O escorpião e o peixinho’, não devem ser utilizadas
em pregações, pois não refletem a verdade do evangelho.
O apóstolo Paulo deixa claro que em
Cristo está escondido todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento,
portanto, basta expor aos homens o Cristo crucificado para que os homens
vejam e creiam no amor que Deus tem por eles “Para
que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e
enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério
de Deus e Pai, e de Cristo. Em quem estão escondidos todos os tesouros
da sabedoria e da ciência” ( Cl 2:2 -3); "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" ( 1Co 2:2 ).
O evangelho de Cristo basta, pois o
evangelho é o poder de Deus e a sabedoria de Deus! O apóstolo Paulo ao
instruir os pastores Tito e Timóteo alertou-os quanto às fábulas e as
genealogias judaicas ( 1Tm 1:4 -7). O obreiro deve manejar bem a palavra
da verdade, ou seja, os profetas, a lei, os salmos, os provérbios. Se
manejar bem tais livros das Santas Escrituras, é um obreiro que não tem
do que se envergonhar e não necessita de fábulas e filosofias humanas "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ( 2Tm 2:15 ).
Os cristãos não deviam aderir às
práticas judaicas, que criavam alegorias para explicar o que não
entendiam, pois, os cristãos já tinham a realidade: Cristo! Portanto,
assim como receberam a Cristo, deviam prosseguir n’Ele, ou seja, sem dar
ouvidos a fábulas, vãs sutilezas, filosofias de homens “Como,
pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,
segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo Cristo” ( Cl 2:6 -8).
Os judeus criavam alegorias, parábolas e
fábulas para interpretar as alegorias, ou seja, as figuras que a lei
apresentava, porém, perdiam-se em sua carnal compreensão, pois a lei era
sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas. Ora, se
estamos de posse da imagem exata das coisas hoje, já não precisamos de
alegorias e nem de fábulas, antes basta expormos a Cristo e este
crucificado "PORQUE tendo a lei a sombra
dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os
que a eles se chegam" ( Hb 10:1 ).
Quem entra pelo caminho das fábulas produzirá questões loucas e sem instrução alguma “E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas”
( 2Tm 2:23 ), mas aquele que permanece nas palavras dos apóstolos e dos
profetas torna-se sábio. Não precisa de fábulas, pois é perfeitamente
instruído para a boa obra, perfeito, pois sabe redarguir, corrigir e
instruir segundo as Escrituras “Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em
Cristo Jesus. Toda a Escritura divinamente inspirada, é proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para
que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a
boa obra” ( 2Tm 3:14 -17).
O aviso
O apóstolo Pedro alerta os cristãos
dizendo que não anunciara o evangelho através de ‘fábulas
artificialmente compostas’, apontando a sua inutilidade para o propósito
de propagar a mensagem de Cristo. Ou seja, com esta colocação, o
apóstolo Pedro enfatiza que o que foi anunciado aos cristãos possuía
veracidade comprovada com o crivo das Escrituras e de testemunhos
oculares, pois todos puderam presenciar a majestade de Cristo “... mas nós vimos a sua majestade” ( 2Pe 1:16).
Ele trás à lembrança o evento em que uma voz foi ouvida dos céus: “Porquanto
ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe
foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho
comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no
monte santo” ( 2Pe 1:17 ).
Além de anunciar o que viu e ouviu de
Cristo, como fez os outros apóstolos, o apóstolo Pedro tinha por firme a
palavra dos profetas, da mesma forma os cristãos devem imitá-los, de
modo que Pedro instrui a rejeitar as fábulas e se voltar para as
palavras dos profetas ‘... á qual bem fazeis em estar atentos’ “E
temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar
atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia
amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações” ( 2Pe 1:18 ).
O protesto do apóstolo Pedro não é
contra o gênero literário que surgiu no Oriente, e que foi desenvolvido
por Esopo, autor que viveu no século VI a.C., na Grécia antiga, a quem
foi atribuído um conjunto de pequenas histórias, de caráter moral e
alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais.
Ao observar a abordagem do apóstolo
Pedro, vê-se que a crítica dele é contra aqueles que quererem apresentar
Cristo ao mundo utilizando-se de mitos, contos falsos, como se fosse
comparável à verdade das Escrituras, e deixam de lado o testemunho firme
dos profetas.
O termo grego utilizado pelo apóstolo
Pedro é muthos (μ?θος – mýthos), uma estória fabricada (fábula) que
subverte (substitui) o que é realmente verdade, por isso mesmo é dito:
fábulas artificialmente construídas.
A estória dos três passarinhos não passa
de um mýthos, pois além de ter sido engendrada a partir da concepção do
Pr. Tomas, ela subverte a verdade contida nas Escrituras.
O mýthos geralmente é construído a
partir de sombras, e tem o escopo de estabelecer domínio sobre aqueles
que por ele são enlaçados. Tem por base a ideia de humildade, mas deriva
de uma carnal compreensão, pois não retrata o que os profetas e
apóstolos disseram de Cristo. As fábulas geralmente são engendradas
carregadas de ordenanças e preceitos morais segundo os princípios do
mundo, e passam a impressão de sabedoria, devoção, humildade, severidade
para com o corpo, mas não tem valor algum diante de Deus “Que
são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Ninguém vos
domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos,
envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua
carnal compreensão, E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido
e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de
Deus. Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo,
por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas
perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais
têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária,
humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão
para a satisfação da carne” ( C l 2:17 -23).
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