quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A ascensão e queda de um rei: análise da vida de Saul




TEXTO BASE: 1 Sm 10.1-6



VERSÍCULO CHAVE



"Samuel, porém, respondeu: Acaso tem o SENHOR tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros" (1 Sm 15.22).

REFLEXÃO: A chamada de Deus implica em obediência, que é a condição essencial para o cumprimento de Suas promessas




INTRODUÇÃO



Saul foi o primeiro dos reis de Israel; ele inaugurou o sistema monárquico na história do povo hebreu. Mesmo não sendo a vontade soberana do Senhor, a instituição da monarquia foi respaldada por Sua vontade permissiva, atendendo ao anelo dos israelitas de serem comandados por um monarca, a exemplo de outras nações. Começa, assim, a saga dos reis na trajetória do povo de Deus, repleta de eventos e personagens que nos trazem importantes lições espirituais.



I. O PEDIDO POR UM REI (1 Sm 8.1-22)



A iniciativa do povo em pedir um rei foi motivada por três razões principais: o envelhecimento de Samuel, o mau procedimento de seus filhos e o desejo por um comando político e militar (v.5).



a) A rejeição ao Senhor (v.7). A princípio, Samuel ficou extremamente sensibilizado pelo pedido do povo (v.6), sentindo-se rejeitado, desprezado por aqueles a quem serviu por muitos anos. Contudo, Deus o consola, ao afirmar que os israelitas estavam rejeitando a Sua liderança teocrática. Na verdade, a nação de Israel desejava fugir das exigências morais da Lei, e colocar seu destino nas mãos de um libertador visível, desprezando o governo direto de Jeová.



b) Buscando seus próprios caminhos. Através de Samuel, Deus alertou o povo israelita sobre os direitos e exigências de um rei: serviço militar, trabalho forçado, serviços domésticos, desapropriação de suas terras em benefício do rei, pagamentos de impostos e trabalho escravo (v.11-19). Ainda hoje, há pessoas que preferem entregar o controle de suas vidas a outras pessoas, quando deveriam entregar-se totalmente à direção de Deus.



c) O povo desejou igualar-se às demais nações (v.20). O desejo por um rei não era totalmente equivocado (Dt 17.14-20), e, sim, as motivações daquela aspiração. Ao comparar-se com as demais nações, Israel esqueceu que era o povo peculiar de Deus, que seu modo de viver era absolutamente distinto dos demais povos, assim como nós (1 Pd 2.9).



II. A ESCOLHA DE SAUL



Deus, mais uma vez, revelaria Sua misericórdia diante dos equívocos humanos. A chamada de Saul para reinar sobre Seu povo é uma demonstração de Sua graça, os favores que nossos méritos não alcançam, mas que recebemos como fruto da bondade de divina.



a) Deus cria uma circunstância especial para sua chamada. Seu nome significa pedido, desejado; era da tribo de Benjamim, e tinha porte físico destacado (1 Sm 9.1, 2) O desaparecimento das jumentas de seu pai o levou à presença de Samuel (v.6). Quando chega o momento de Deus intervir em nossa história, Ele mesmo cria um cenário para nos abençoar (1 Sm 2.7, 8).



b) Revelações de Deus para Saul (v.14-21). Ele não sabia que Deus estava trabalhando nos bastidores em benefício de sua vida. Enquanto trabalhava para ajudar seu pai, o Senhor revelava ao profeta Samuel os planos que tinha para o seu futuro. Vejamos algumas providências de Deus para Saul:


  • um encontro especial (v.16);

  • uma resposta para suas inquietações (v.19);

  • um banquete (v.24).


c) Um momento a sós com Deus (v.27). Este momento é um dos mais peculiares da história de Saul. Até então, Samuel havia tratado com ele de forma pública, mas agora, em uma madrugada (v.26), o profeta o chama em particular para revelar os desígnios de Deus para sua vida. Aprendemos algumas lições para nossa caminhada cristã:

  • toda chamada de Deus começa de maneira particular;
  • a convicção da chamada divina é fortalecida pelos segredos que Ele revela àquele que é chamado (Sl 5.14);
  • para cada um de nós, Deus tem um projeto específico. A expressão de Samuel "te farei ouvir a palavra de Deus" é literalmente traduzida por: "te contarei aquilo que Deus me falou ao teu respeito".


III. AS RAZÕES DA QUEDA DE UM REI


Como entender o fracasso de um homem que recebeu uma chamada tão específica, que conheceu de perto os benefícios da graça divina? Vejamos:



a) O desprezo pela unção (1 Sm 10.1; 11.6; 16.14). A unção simbolizava a transmissão do poder divino a uma pessoa. Saul viveu de maneira leviana; talvez acreditasse que não mais precisava do Senhor e de seus mensageiros, mais especificamente do profeta Samuel. Seus equívocos o afastaram da comunhão com o Espírito de Deus.



b) A desobediência aos mandamentos do Senhor (1 Sm 13.8-14). Deus não tolera aquele que despreza a Sua Palavra, e este foi o caminho trilhado por Saul. Observe o peso das palavras divinas: "... arrependo-me de haver posto Saul como rei!" (1 Sm 15.11). Que o Senhor nos ajude a amar Sua Lei!



c) Ele sempre justificava seus erros (1 Sm 13.10-12; 15.13-15). Ao invés de admitir e confessar suas culpas, Saul atribuía a outros a razão de seus erros (Pv 28.13).



d) Saul inconstante em seus caminhos. Uma das características mais acentuadas da vida de Saul era sua instabilidade, a falta de convicção e suas falhas de caráter:

  • do meio dos profetas (1 Sm 10.10-13) ao convívio com feiticeiras (1 Sm 28.7, 8);

  • não foi sincero em seus relacionamentos (1 Sm 24.16-22; 26.1-4);

  • ele não se humilhou diante da rejeição de Deus ao seu governo; pelo contrário, lutou contra a unção divina na vida de seu sucessor (1 Sm 18.10, 11; 19.9-11, 15).


CONCLUSÃO

A vida de Saul é um exemplo preciso do resultado de uma vida que não considera a chamada de Deus (Hb 10.29). Que  o Senhor nos ajude a estar na posição de honra que Ele nos colocou (Ef 2.4-6).

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